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Belo Horizonte e suas histórias apresenta: Casa do Baile – pouco baile, muita história.

Hoje em dia, conhecemos o Conjunto Arquitetônico da Pampulha como um grupo de obras de arte que integram o patrimônio histórico não só da cidade, mas da humanidade - título que foi concebido a ele em 2006, pela UNESCO. No imaginário popular, as construções que compõem o conjunto são comumente vistas como se fossem grandiosas peças de um museu a céu aberto. Porém, esquecemos que, ao serem construídas, essas obras tinham funções muito diferentes das que têm hoje. A história da Casa do Baile, um dos edifícios que faz parte do grupo arquitetônico em questão, é um exemplo interessante de como a Pampulha esteve sujeita a mudanças em seus setenta e seis anos de história. Esta é a trajetória que viemos contar para vocês hoje.

Como o próprio nome sugere, a Casa do Baile foi criada para ser palco de atividades musicais e dançantes, como shows e bailes de debutantes. Os artistas que ali se apresentavam eram convidados, depois de sua performance, a atravessar a Lagoa da Pampulha, de barco, em direção ao Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha). Lá, aproveitavam o restante da noite - tradição que simbolizava o glamour e a vivência noturna intensa da região. A intenção da Casa era a de ser um centro de lazer e entretenimento da classe alta, possuindo uma atmosfera extremamente refinada. Devido ao charme associado à sua imagem, frequentar o local era sinal de status na cidade, e as expectativas acerca de sua prosperidade eram altas.

Foto: Pedro Sousa/Pinterest.

A própria arquitetura da Casa ostenta, por si só, todo esse refinamento. A obra é construída sobre uma ilha artificial, em cima da Lagoa da Pampulha, e está ligada à orla, por uma ponte, transmitindo a seu visitante a ideia de estar acessando uma região exclusiva, à parte da cidade. Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx, arquiteto e paisagista responsáveis pelo projeto do local, são reconhecidos até hoje pela visão artística, funcional e moderna que tiveram no trabalho em questão.

Porém, a corrida de obstáculos da Casa do Baile começou em 1946, quatro anos após sua abertura, quando os jogos de azar foram proibidos nos estabelecimentos brasileiros. A Casa sofreu o impacto dessa criminalização, pois muitas das pessoas que a frequentavam tinham o hábito de ir ao Cassino depois das apresentações artísticas e, uma vez impossibilitadas de realizar essa programação, sentiram-se desmotivados a continuarem frequentando o local. Sem conseguir se manter, a Casa encerrou suas atividades de entretenimento em 1948. Depois disso, sofreu uma tentativa de ser transformada em restaurante de gastronomia refinada, sem muito sucesso. Em outro momento, foi utilizada como anexo ao Museu da Pampulha, cargo que também não lhe serviu bem. Nas últimas décadas, os órgãos públicos tentaram dar a ela diversas funções, cogitando até mesmo leiloá-la à iniciativa privada, mas, talvez por falta de planejamento ou de uma boa administração, falharam em todas as tentativas, o que levou a casa a ser fechada, sem expectativa de retorno, em 1996.

No entanto, o local foi reaberto em 2002, após uma restauração estrategicamente planejada e coordenada pelo próprio Niemeyer. Nesse processo, a Casa colocou um pezinho em suas antigas origens de centro de entretenimento e ficou definida como Espaço Cultural Casa do Baile, destinado a abrigar exposições de arte.

Em 2006, a Casa, juntamente às outras obras do Conjunto, foi qualificada como Patrimônio Cultural da Humanidade, e a necessidade de cuidados com ela fez com que a edificação adquirisse ainda mais atenção da esfera pública e do governo. Hoje, a função de centro cultural se mantém, possibilitando que a Casa do Baile permaneça participante da vivência dos belo-horizontinos e dos turistas que a visitam.

Foto: Clarice Muhlbauer/Iphan.

Nós, aqui do Chefão, temos orgulho em ver esse patrimônio vivo e em fazer parte da história de Belo Horizonte juntamente com ele. Recomendamos a todos vocês que levem os amigos, namorados e familiares para sentirem a atmosfera que, apesar de não ser igual a de setenta anos atrás, ainda carrega o mesmo glamour!

Foto: Jornal O Tempo.

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